Uma história Real

O casamento dos Príncipes de Joinville

 

            A história da fundação de Joinville, no Norte catarinense, começa com o casamento da princesa brasileira Dona Francisca com o príncipe de Joinville,

François Ferdinand  d'Orléans, em 1843.

            Dona Francisca nasceu em 1824, no Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, a capital do Império brasileiro. Era a quarta filha do imperador dom Pedro I, da Casa de Bragança, e da arquiduquesa Maria Leopoldina, da Áustria - e irmã do futuro imperador Pedro II.

            Francisca perdeu a mãe com menos de três anos de idade. Quando tinha sete anos, o pai voltou para Portugal, onde era herdeiro do trono, e nunca mais retornou. Em 1834 quando ela tinha apenas 10 anos, Dom Pedro I também faleceu. Orfãos, a menina e os irmãos (Dona Januária e o futuro imperador Dom Pedro II) foram criados por tutores no Palácio de São Cristóvão.

            Quando ela tinha 15 anos, em 1837, atracou no Rio de Janeiro a fragata “Hércules”, que ia para a América do Norte. À bordo, estava o jovem Príncipe de Joinville que, aos 21 anos, já era integrante da Marinha Francesa. Nessa visita à corte brasileira, os dois príncipes se conheceram.

            François Ferdinand  d'Orléans, o Príncipe de Joinville, nasceu em 1818, em Paris, e era o terceiro filho do Rei Luiz Felipe, da França, da Casa de  Orléans.

            Na recepção realizada em sua homenagem, Francisca e o Príncipe de Joinville se entrosaram e dançaram juntos quase todas as contradanças (menos uma, concedida à Dona Januária).

            Três anos depois, o príncipe novamente voltou ao Brasil. Desta vez, ele tinha a missão de transportar os restos mortais de Napoleão da Ilha de Santa Helena para a França – e parou no Rio de Janeiro. Novamente os príncipes se encontraram.

            Na terceira visita ao Brasil, em 1843, o Príncipe casou-se com Dona Francisca, a Belle Françoise, como a chamava. O casamento foi realizado em 1º de maio de 1843, no Palácio de São Cristovão.

            Como dote, Dona Francisca recebeu, entre outras coisas, “25 léguas quadradas de três mil braças de terras, a serem escolhidas entre as melhores localidades, na Província de Santa Catarina”.

            Após o casamento, os príncipes partiram para a França e não mais retornaram ao Brasil. No ano seguinte, 1844, o príncipe enviou seu procurador, Léonce Aubé, para providenciar o início da demarcação das terras dotais, que foram delimitadas na região pertencente à Comarca de São Francisco do Sul.

            A medida se mostrou providencial. Em 1848, em razão das revoluções liberais que eclodiram na Europa, o rei Luis Felipe abdicou ao trono e a família Real foi para o exílio na Inglaterra.

            No exílio e em dificuldades financeiras, o Príncipe de Joinville negociou, em 1849, parte das terras dotais com a Companhia Colonizadora de Hamburgo. Eram oito léguas quadradas (das 25 léguas totais), destinadas à colonização, com uma série de obrigações contratuais, inclusive a reserva de uma área para os príncipes na futura cidade.

            A partir daí, as providências para a concretização do empreendimento começaram a ser tomadas e, em 9 de março de 1851, era fundada oficialmente a Colônia Dona Francisca – hoje Joinville.

           

Texto: Maria Cristina Dias, jornalista e escritora, Mestre em Patrimônio Cultural e Sociedade – www.mariacristinadias.com.br

 

Fonte: FICKER, Carlos. História de Joinville, Crônica da Colônia Dona Francisca. 3ª edição. Joinville. Editora Letra d´Água.2008